Dois amigos na ida para casa, decidem falar no que realmente é a vida e o que vai ser a morte, as duas bipolaridades estranhas mas vividas por nós.
Andy: Vida e morte, palavras fortes, não te parece?
Nuno: A mim também ,sabes ? São palavras bastante fortes e longas.
Andy: Como todos nós gostamos de facilidade, não podia ser excepção se não começar pela coisa mais cheia e mais exposta: a vida.
Nuno: Vamos mesmo falar sobre isso?
Andy: Sim, claro. Por exemplo, tu ganhas vida assim que nasces dentro da barriga da tua mãe, és ser vivo... Não é que antes tenhas sido ser morto, não é isso. Mas agora respiras, tens um coração, tens pulmões e começas a gatinhar, depois a andar, consequentemente a falar e a ter consciência mecanizada.
Nuno: É claro que sim. Mas vês ali aquele rapaz? Ali ao fundo.. Eu não sei, mas ele.. Ele não me inspira vida ! Estás a ver qual é ?
Andy: que tem? Deixa o rapaz Nuno, é completamente normal..
Nuno: Não, não é. Vejo-o todos os dias caído, de cabeça para baixo. A vida para ele, será a morte. Tenho pena dele. Ouvi dizer que perdeu os pais, e vive com a tia, mas ela não lhe liga nenhuma.
Andy: Liga, embora não pareça liga. o ser humano, é muito egoísta, entendes o que te estou a dizer? Ele só está assim, porque se sente só, porque não vê outra solução. Mas se reparares, o mundo à sua volta, continua igual...
Nuno: Continua. Ele gira, mas não sei. Sinto que o vazio que ele deixa no espaço onde está sentado, preenche o meu coração. Não consigo vê-lo ali, sem vida. Entendes-me?
Andy: Querido, ouve uma coisa, o que mais para aí há, são pessoas aparentemente sem vida, e isso não quer dizer que nos vá partir sempre a alma, entendes? Ele está assim porque quer, ele ainda respira, tens noção disso, não tens?Ele ainda tem cor, e ainda anda, ele ainda se move sozinho, porque ainda é jovem e tem uma pele macia… E não, não me digas que ele morreu, eu estou a vê-lo a andar e a cada minuto que passa ele raciocina, ainda mecânicamente como um ser humano, melhor dizendo, um ser vivo…
Nuno: Tu não vês? Ele vive, mas ao mesmo tempo está morto. Tu não entendes estou a ver. (suspira) Ele.. Como eu hei-de explicar-te.. Ele sofre todos os dias pela morte dos seus pais, é rotina para ele. A vida , não faz qualquer sentido. Imagina, é com se tu vivesses num orfanato e ninguém te quisesse adoptar, era extremamente frustrante e ao mesmo tempo sentias um arrepio enorme pela espinha, como se não tivesses ninguém. Sim! Era só naquele momento, o momento da adolescência. Mas não importa, morreste nessa altura.
Andy: Morto? Para estar morto, precisasse de parar de respirar, virar cão ou gato, irracional, ficar frio e não a fumegar de ideias, como está a acontecer com ele. Ele está realmente a viver, da maneira mais dolorosa, sim, isso concordo, mas não morreu. Diz-me antes assim: "Ele perdeu." Assim eu aceito e sou tolerante perante isso.
Nuno: E já viste a quantidade de pessoas que "perdem" como tu dizes? Eu quero ajudá-lo, quero fornecer-lhe a minhas coisas mínimas, quero ser um amigo, ele não deixa. Como é que tu me falas em perder? Ele morreu psicologicamente. E fisiologia faltará pouco, porque nem anda, nem se mexe daquilo canto, coberto de plásticos para se abrigar do frio quando a tia vai para um bar e não pode nem com o seu próprio corpo. Por isso, não me fales em perder. Tu nunca me entendes, vês como somos distintos? Fogo, é como a vida e a morte. São distintas. As nossas cabeças? São iguais. Tu não pensas, logo és a morte. Eu penso, sou a vida.
Nuno bate a porta e não quer ouvir mais nada.
Nuno: A mim também ,sabes ? São palavras bastante fortes e longas.
Andy: Como todos nós gostamos de facilidade, não podia ser excepção se não começar pela coisa mais cheia e mais exposta: a vida.
Nuno: Vamos mesmo falar sobre isso?
Andy: Sim, claro. Por exemplo, tu ganhas vida assim que nasces dentro da barriga da tua mãe, és ser vivo... Não é que antes tenhas sido ser morto, não é isso. Mas agora respiras, tens um coração, tens pulmões e começas a gatinhar, depois a andar, consequentemente a falar e a ter consciência mecanizada.
Nuno: É claro que sim. Mas vês ali aquele rapaz? Ali ao fundo.. Eu não sei, mas ele.. Ele não me inspira vida ! Estás a ver qual é ?
Andy: que tem? Deixa o rapaz Nuno, é completamente normal..
Nuno: Não, não é. Vejo-o todos os dias caído, de cabeça para baixo. A vida para ele, será a morte. Tenho pena dele. Ouvi dizer que perdeu os pais, e vive com a tia, mas ela não lhe liga nenhuma.
Andy: Liga, embora não pareça liga. o ser humano, é muito egoísta, entendes o que te estou a dizer? Ele só está assim, porque se sente só, porque não vê outra solução. Mas se reparares, o mundo à sua volta, continua igual...
Nuno: Continua. Ele gira, mas não sei. Sinto que o vazio que ele deixa no espaço onde está sentado, preenche o meu coração. Não consigo vê-lo ali, sem vida. Entendes-me?
Andy: Querido, ouve uma coisa, o que mais para aí há, são pessoas aparentemente sem vida, e isso não quer dizer que nos vá partir sempre a alma, entendes? Ele está assim porque quer, ele ainda respira, tens noção disso, não tens?Ele ainda tem cor, e ainda anda, ele ainda se move sozinho, porque ainda é jovem e tem uma pele macia… E não, não me digas que ele morreu, eu estou a vê-lo a andar e a cada minuto que passa ele raciocina, ainda mecânicamente como um ser humano, melhor dizendo, um ser vivo…
Nuno: Tu não vês? Ele vive, mas ao mesmo tempo está morto. Tu não entendes estou a ver. (suspira) Ele.. Como eu hei-de explicar-te.. Ele sofre todos os dias pela morte dos seus pais, é rotina para ele. A vida , não faz qualquer sentido. Imagina, é com se tu vivesses num orfanato e ninguém te quisesse adoptar, era extremamente frustrante e ao mesmo tempo sentias um arrepio enorme pela espinha, como se não tivesses ninguém. Sim! Era só naquele momento, o momento da adolescência. Mas não importa, morreste nessa altura.
Andy: Morto? Para estar morto, precisasse de parar de respirar, virar cão ou gato, irracional, ficar frio e não a fumegar de ideias, como está a acontecer com ele. Ele está realmente a viver, da maneira mais dolorosa, sim, isso concordo, mas não morreu. Diz-me antes assim: "Ele perdeu." Assim eu aceito e sou tolerante perante isso.
Nuno: E já viste a quantidade de pessoas que "perdem" como tu dizes? Eu quero ajudá-lo, quero fornecer-lhe a minhas coisas mínimas, quero ser um amigo, ele não deixa. Como é que tu me falas em perder? Ele morreu psicologicamente. E fisiologia faltará pouco, porque nem anda, nem se mexe daquilo canto, coberto de plásticos para se abrigar do frio quando a tia vai para um bar e não pode nem com o seu próprio corpo. Por isso, não me fales em perder. Tu nunca me entendes, vês como somos distintos? Fogo, é como a vida e a morte. São distintas. As nossas cabeças? São iguais. Tu não pensas, logo és a morte. Eu penso, sou a vida.
Somos grandiosos Andy.
ResponderEliminarfiquei mesmo pasmada a olhar para isto, e tu sabes..
ResponderEliminarvocês neste texto pareceram mesmo completar-se um ao outro..
a maneira como vocês os dois escreveram, nunca pensei que o resultado fosse tão bom, muito sinceramente..
gostei do facto de estarem a defender cada um a sua "teoria" e de apresentarem argumentos que fazem mesmo pensar..
Parabéns, a sério, e vou ficar à espera que se juntem de novo e criem mais textos assim, sim porque eu amei!
p.s: amor, fiquei mesmo surpreendida com a forma como argumentas-te acerca do que apoiavas, adorei, adorei!
amo-te <3 @
Que conversa, muito bem. Gostei da maneira como cada um expressou o que pensava sem medo, sem que a proximidade com o proximo o impedisse de dizer alguma coisa, por isso estão de parabéns.
ResponderEliminarEu adoro-te@