memórias

Era uma vez uma flor; um principezinho; uma lua de papel e um coração de papel.

Era uma vez uma flor que fabricava espinhos devido a tudo o que a vida lhe proporcionara. Ela tornara-se muito frágil mas muito orgulhosa ao mesmo tempo, fingia ser forte. Achava que ninguém gostava dela, que ninguém queria saber de si. Pensava ela que só a queriam arrancar do seu habitat natural para depois ela morrer. No fundo quem lhe recortou o seu coração as primeiras vezes, recortou-lho mal (sim, porque quando arrancam as flores, elas acabam por murchar. Quando as deixam de regar e de lhes dar carinho elas ficam muito tristes).
Era uma vez um principezinho, muito prestável, cuidadoso, mais que ele imaginaria na sua vida! Muito preocupado com os outros (mesmo que embora não parecesse); muito independente e muito confuso ao mesmo tempo. Mas o importante aqui a reter é que esse principezinho era corajoso, não se deixa abater por quaisquer engenhocas. Este principezinho era muito inteligente e tinha um coração de papelão tão grande!
Era uma vez uma lua de papel, ela guardava todos os sonhos e todas as estrelas no seu bolso. Ela segurava-nos quando tínhamos medo e abraçava-nos quando nos sentíamos muito, muito tristes.
Era uma vez um coração de papel. Quente, frágil e forte ao mesmo tempo. Mas um dia, este coração foi recortado por muitas dessas pessoas que queriam enganar a flor.

Esse principezinho queria cuidar com todo o carinho da flor, tentou que ela voltasse a encontrar o seu coração mal recortado, que ela tinha abandonado propositadamente por aí. Tentou rega-la cuidadosamente, porque no fundo ela era uma planta pequenina mas que tinha de se lhe dar muita atenção e protege-la do frio. O que a fez ceder, foi a sua lua, a sua pequenina lua de papel, feita ainda dos seus sonhos. E foi a lua que lhe disse: "esse principezinho quer acender as estrelas que tenho no meu bolso que foram apagadas, permiti-lhe isso, eu gosto dele". E foi aí que a flor percebeu que o que nós nos esquecemos é que há sempre um lugar quente para nós ficarmos. Um lugar quente que provavelmente venha quem vier não te o tira, não te faz usar os espinhos que fabricaste durante este tempo todo para te defenderes. No fundo para te aperceberes que haverá sempre um chá quente e uma lareira acesa ao fundo daquela divisão da casa.

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